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segunda-feira, 27 de junho de 2011

DOUTORA INÊS APOSENTOU-SE. E AGORA?


DOUTORA INÊS APOSENTOU-SE. E AGORA?

Memorável agenda de homenagens marcou a aposentadoria da Drª Inês Joaquina Sant’Ana Santos Coutinho. O Conselho Juvenil emocionou-a no CONEST. O Deputado Nilton Salomão homenageou-a na ALERJ. Cláudio Mello trouxe-lhe da Câmara de Vereadores Voto de Congratulações. O DEGASE fez evento em que discursaram ex-adolescentes, recuperados pelo CRIAAD-Esperança. Foi concorrida a entrevista coletiva da Magistrada à imprensa local. Serventuários publicaram livro com sua história. Empresários apoiaram. O Presidente do TJ esteve entre os que prestaram depoimento. No evento principal, coral de idosos, dança, rap, juízes, desembargadores, pessoas humildes, falas emocionadas. A Drª Inês fez sua fala dedicando à mãe falecida, Alice Sant’Ana, as honras da carreira. No último dia como Juíza Titular, no Fórum, Dra Inês ainda ajustava a decoração, aplicava medidas, decidia coisas, aconselhava jovens, assinava projetos. E autografava livros, porque muitos foram atrás da obra “Obrigado, Doutora Inês”. Serventuários, após a última audiência, no corredor, cantaram canções e aplaudiram, enquanto a Juíza, sorridente e emocionada, caminhava em direção à saída. Ocorreram ainda almoços e jantares com amigos e colaboradores. Uma despedida gloriosa, talvez nunca vista.

Dá-se a medida do quanto é amada essa Juíza, tão contestada entretanto, pelos que andavam em mau passo frente aos direitos de crianças e adolescentes, fossem autoridades, fossem pais. Não duvido que, destes, alguém comemore. Sei de pais até hoje indignados com a chamada ao Fórum, quando o filho de 16 anos foi encontrado embriagando-se na madrugada. Ouvi de certa autoridade aliviada com a aposentadoria dessa pedra que incomodava seu sapato de caminhar ilicitudes.

“Fim de uma era”, muitos disseram. Entretanto, se foi “era”, foi tão frutífera, que fim não terá. Claro que a cidade sofrerá um pouco a ausência, terá um estranhamento. Mas é fértil o campo deixado pela juíza lavradora. E para trabalho, não só do Juiz que virá. Há uma tradição a ser honrada por todas as pessoas de boa vontade, sejam ou não do Judiciário. Não desperdiçar conquistas que inseriram esta serra, graças ao trabalho de Dra Inês e de sua equipe ao patamar de um dos quatro municípios com menor índice de vitimização e autoria de atos infracionais, é tarefa de coletiva.

Mas é preciso atenção para evitar ruinosos equívocos, como os que recentemente se viu. A falta do acordo de transição proposto pela Juíza e recusado pela Prefeitura não pode se repetir por medos ou vaidades. A proposta da Dra. Inês, de criação de Secretaria da Infância e da Juventude, encampada na Câmara anterior em Lei da Dra Cláudia Lauand, precisa sair do papel, ignorada que foi pelo atual governo. A Secretaria de Educação precisa perceber a importância de parcerias como as que rejeitou, que permitiram em tempos anteriores, o trabalho de conscientização dentro das escolas, sobre o ECA e anti-bullying, levando ao Projeto Conselho Juvenil.

Acima de tudo, não se deve perder o segredo do trabalho de Drª Inês. Prevenção atenta, prevenção incessante, prevenção contínua. Chegar à criança ou adolescente antes do mal ter sido cometido. É mandamento do ECA, nem sempre bem compreendido. Primordialmente, função das famílias, da sociedade, dos governos. Na omissão desses, realçou-se o trabalho da Juíza lendária, que não admitiu a paralisia. Mas hoje será necessário que muitos mais sejam acometidos dessa indignação santa. A capacidade de inconformismo é a maior herança da Drª Inês. Que muitos tenham sido inoculados por esse vírus do bem.

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coluna para o Diário de Teresópolis

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